Devagar, lentamente vou deixando a pátria que me acolheu. Dentro do meu peito aquele nó pesado que já me acompanha a cada despedida. Não sei o que o futuro me reserva, não sei se fico, se vou, se permaneço ou se volto. A vida volta a ser um bilhete só de ida, sem retorno, nómada.
Enquanto vagueio lentamente para o grande pássaro que me levará a cheirar Lisboa revejo os meus 21 aninhos. Parecem longos e curtos simultaneamente…felizes, sem dúvida. Voltei a crescer mais um bocadinho, tornei-me mais eu, mais pura de dentro. Defeni imensos horizontes e deixei-me levar (SEMPRE) pela vontade perra do meu coração.
Fui mais feliz porque fui inteira, e como dizia o grande mestre, porque pus tudo de mim em tudo o que fiz. Fui egoísta para com os outros, comigo. Não tenho vergonha de assumir: procurei sempre satisfazer-me a mim própria, elevei o meu “preço no mercado”, venerei-me. Apreendi comigo a gostar mais de mim, aquilo que realmente me proporciona bem-estar. Apreendi a viver sozinha, a depender de mim e só de mim, e confesso que gostei!
Sei que valeu a pena. Que não vou nunca esquecer o carinho que recebi sempre desta cidade fria e cinzenta, a felicidade de acordar todos os dias sabendo que a vida têm um propósito. É bom. Foi bom.
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