Aprendo que não tenho quaisquer tendências depressivas ou suicidas. Que vejo sempre o melhor da vida, o melhor, a parte docinha, de cada ser. Aprendo quando julgo sempre pela positiva, condeno pouco, não sou rancorosa e não guardo resentimentos, mas não pensem que me fazem a mesma duas vezes. Aprendo que perdoo com calma e sensatez, que sou capaz de me me pôr no lugar difícil de alguém, que sou incapaz de ser hipócrita com a dor dos de quem gosto.
Aprendo que sou forte e consigo ultrapassar os meus problemas de cabeca erguida, olhando em frente. E que isto não signifique que sou fria e pouco emotiva, pois tal não acontece sem antes me fechar em mim e chorar que nem uma criança perdida. Sim, que eu devo chorar um bom litro por ano - tenho o meu direito a ser infeliz, como toda a gentinha, está bem?
Aprendo que sou alguém bem disposto por defeito, que a falta de um sorriso é sinal de que algo anda mal e aprendo que sou por demais transparente, que podia fazer com que o mundo não me afectasse, podia esquecer os separadores da minha vida, mas não quero nem consigo. Aprendo que abro o melhor de mim ao mundo, que nem todo o mundo o merece, e aprendo também que o faço na melhor das intencões. Aprendo que vivo tudo á parvinha e me atiro de cabeca por toda e qualquer coisa na qual acredite, mesmo que na realidade essa mesma coisinha não valha um tostão furado, um farrapito qualquer. Sou um desafio constante e não sou fácil de lidar com, eu sei. Tenho imensas manias e esquisitisses, tenho OCD crónica, e sou a primeira a assumir que dobrar os sacos em triangulos, enrolar meias ao rolinhos, manter a manteiga sem buracos e construções são coisas, no mínino, esquisitas. Mas eu sou assim.
Sou também – vá, supreendam-se – um docinho. O meu modo muitas vezes bruto esconde uma ternura imensa e um calor humano que só os meus amigos e quem verdadeiramente me conhece descobre. Eu sou uma menina pequenina por dentro desta mulher. Aprendo que erro muitas, muitas vezes, mas desço sempre do meu pedestral para as assumir e não preciso que me apontem. Dou o corpo ás balas, que fazem ricochete quase sempre. Sim, gosto de mim á parva, das minhas esquisitices e das minhas ondinhas,das minhas neuroses e dos meus chorinhos. E á medida que o tempo passa cada vez gosto mais, mais e mais, sem reprimir.
2 comments:
:) Aceitarmo-nos é sem dúvida o primeiro, e talvez o mais importante, passo para esgravatarmos cá dentro sem medo do que vamos encontrar e, também, o único caminho para aprender a amar aquilo de que somos feitos, sem reservas, e sermos felizes.
Por isso, é bom sentir que já o sentes ;)
Adoro quando escreves assim!
E é tão bom quando gostamos de nós =)
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