Ainda agorinha vim de férias e já estou que nem posso com uma gata pelo rabo. O meu projecto vai bem, não fossem os mini- projectos paralelos que o Michael vai encomendando ou as novas estudantes em estágio que veêm tão verdes, tão verdinhas inevitavelmente sobram para mim…sim, eu, mesmo sendo eu a mais novata desta maralha toda.
Mas ‘prontos’, confesso que ando toda contentinha armada em professora com duas educandas a “meu cargo”:
“Sónia, como é que se faz uma digestion?”
“Sónia, podias ajudar-me com este restriction map?”
“Sónia….” “Sónia…” “Sónia….”
Encho-me de paciência, faço a minha cara mais ternurenta possível, acalmo o tom de voz e desligo a pilha enquanto no meu cérebro passam letras grandes vermelhas luminosas: hei come down…we all started somewhere….we all started somewhere…
Por vezes no meio de toda esta descarga esqueço-me de lhes dizer dicas que já fazem parte do meu hardware. Depois é vê-las fofinhas e encabuladas a fazerem-me perguntas muiiiiiito óbvias..
É fantástico o efeito que os primeiros dias num laboratório fazem a uma pessoa. Ficam tão queridas todas excitadas só porque já são capazes de fazer um gel ou porque conseguem ver DNA cor-de-rosa quando exposto luz violeta. Adoram o mundo das cores e ontem ficaram encantadas com as minhas colónias azulinhas sobre um fundo de agarose ressequida com aspecto vitral que guardo religiosamente no meu frigurífico de bactérias só para demonstrações coloridas a novatas (sim, porque eu também já me perdi pelo mundo das bactérias coloridas em tempos…).
Controlo sofregamente esta vontade enorme de lhes pregar umas partidas jeitosas como aquelas que me pregaram quando aqui cheguei do tipo adicionarem etanol ás minhas culturas ou roubarem-me o material constantemente. Ao invés penso ‘coitaditas, já não basta todos os dias cometerem os erros mais estúpidos e ainda vem uma pessoa atrapalhar’.
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