Decisões.

Esta foi uma das mais difíceis semanas que já passei por aqui. Foi a semana do meu transfer viva (aka exame oral do primeiro ano de doutoramanto) ao qual passei, mas para o qual não vivi/ relaxei/descansei durante dois meses. Correu bem, mas mesmo assim longe daquilo que eu considero o melhor, e confesso que saí de dentro da sala com aquele sentimento de tarefa apenas meia-feita.
Entretanto o João foi para Portugal e há decisões que têm que ser tomadas (aka em relação á nossa casa) que são as ultimas decisões que eu quero tomarneste momento…
Senti-me (e o João não tem culpa nenhuma nisto, ele apenas prosseguiu o seu caminho, como eu muito bem percebo e entendo que o faça) completamente baralhada. Há já muito tempo que não me sentia assim, que não chorava assim; ao ponto de acordar com os olhos inchadíssimos e com uma dor de cabeça brutal. Não sabia (nem sei ainda bem) o que fazer. Procurei quartos para alugar e quantos mais sítios via mais me apetecia chorar – não consigo viver ali, não consigo….

Na sexta-feira tomei a decisão de adiar qualquer decisão brusca pelo menos durante uns tempos: adoro a minha casa, adoro morar aqui, sou tão feliz aqui e quero manter a minha casa a todo o custo. Sei que vou abdicar de algumas coisas de que gosto também para isso, mas não vale a pena pensar assim!

Entretanto, em parte motivada pela necessidade de manter a minha casa e pelos preços exorbitante das viagens em Dezembro, decidi que vou passar o Natal aqui. Sim, just in case if you´re wandering, sozinha, sem pais, sem mana, sem amor.

Nunca passei o Natal fora de casa, e confesso que pelo menos inicialmente não me senti particularmente feliz com esta decisão. A minha pequenina dor tem sido aliviada/descomprimida - têm chovido convites dos meus amigos que também ficam cá para passar a noite de Natal. É estranho, mas só agora percebo a quão diferente é vida que eu levo. Apesar de tudo eu vou a Portugal imensas vezes e por grandes períodos de tempo, estou aqui a fazer o que gosto e a minha vida não é em provação, mas algo que enfrento com alegria e gosto. Tenho os meus problemas, as minhas frustrações e por vezes sou acometida daqueles ataques que todos nós emigras temos do “o que é que eu estou aqui a fazer, hum?”. Mas de uma forma geral sou muito feliz. E sou-o ainda mais porque tenho perfeita consciência disso, que sou uma sortuda de primeira, com o rabiosque bem voltado pra lua…
Enfim, este vai ser um natal diferente, que vou partilhar com outras culturas. Planeio passar a noite com a minha colega Polaca e vou participar na caridade/ conforto natalício aos sem-abrigo. Não sei ainda como irá ser o ano novo, talvez ainda dê um saltinho a Portugal.
Agora, que o pesadelo amainou um pouco deixem-me pedir que venha daí uma melhor semana que esta, por favor!