Quando era canita arranjaram-me uma gata a que eu pus o nome de “fofinha” (eu avisei que era uma girlie muito girlie!). Quem me deu a gata foi o marido da Joana de S. Simão, não sei bem a que pretexto, lá devia ter uma grande ninhada á qual não sabia o que fazer e lá nos despachou uma.
A gata quando chegou lá a casa era mesmo gatinha de dias. Tanto que nós ao ver tão frágil animal lá abrimos excepção e enfiámo-la dentro de casa. Importa dizer que lá em casa não há por norma animais dentro de casa com excepção do finess do cão da minha avó que sabe-se lá porquê (deve defecar ouro) o pessoal vai deixando o bichano ficar lá em casa…). A ideia era mesmo a gatinha ficar uns tempos lá dentro, digamos umas duas semanitas, e depois seguir “ a lei da selecção natural” lá da casa, e encontrar o próprio espaço algures cá fora. Mas as duas semanas iniciais passaram rápido a duas horas iniciais dada a gravidade do problema que a bichana arranjou lá em casa. Pronto sei que agucei a curiosidade, em breves: a bichana lá se descuidou num local aonde não devia de todo (ri-te ri-te Didi)…e passou a dividir a morada entre o vão da escada e o sótão, mediante as condições atmosféricas e as vontades diárias da dita cuja (é que era fina, hã?).
A fofinha era uma gata branca com manchas amarelas no pelo. Tinha olhos castanhos, uns pézitos de gatinho muito giros, e umas orelhas horríveis todas ratadas…Por falar em ratos ela era a exímia dos ratos e coelhos das redondezas, dava cabo de todos…limpeza geral. Tal como era perita em roubar coisas: uma vez fomos dar com ela a comer uma posta de bacalhau…sabe-se lá a quem é que ela roubou o petisco!
Mas a fofinha não era uma gata mansa como eu queria que ela fosse. A fofinha era bravia e não se deixava mandar, nunca foi a minha gata porque ela era totalmente independente, desaparecia por tempos infinitos e voltava depois como se tivesse ido só ali ao virar da esquina. Em poucas; era uma vadia de primeira e muito mau exemplo para mim naquelas tenras idades... As leviandades da fofinha davam inevitavelmente frutos e, volta não volta, lá a gata andava prenha. Um dia tive inclusivé a oportunidade de a ver parir (sim suas mentes púdicas de a ver parir, que esta palavra só tem de bonito). Saíam gatinhos aos molhos lá de dentro, todos ensanguentados que ela lambia de forma carinhosa. No final e para completar o “show de domingo á tarde” comeu a própria placenta…
O meu coração de menina doce todo se derretia com aqueles pequenos rebentos que teimavam em desaparecer subitamente poucas horas depois do nascimento. Descobri anos mais tarde que a minha mãe tinha “acordo” com a avó Vina para exterminar a ninhada (sim mãe, e não te ofendas porque é verdade, suas serial-gató-killers!!).
Mas passemos á frente…
Lembrei-me da minha gata ontem á noite quando depois de um café forte o meu coração batia ritmado e não me deixava dormir. Pensei aonde andaria, aonde terá ido quando daquela vez que desapareceu mais uma vez sem nunca mais voltar…Acabei por sonhar com ela e vi-a desfilar no seu passo elegante e seguro nos meus sonhos. Invejei-lhe a liberdade e confiança que sempre trazia…aonde andarão os genes da fofinha? Algures…
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