E eis que a minha miúda se foi embora!!! Ainda não tinha dito aqui mas no meu lab que nós somos encarregados de supervisionar estudantes universitários (???!). Pois. Eu sei que era suposto ser eu a estudante aqui…mas prontos, adiante….
A Marie é uma estudante no curso de Ciências Biomédicas do King’s e esteve cá no lab a fazer o estágio. Claro que existem sempre pessoas que nos dizem mais do que outras, mas mais uma vez eu confirmo que a Europa do sul me completa sempre muito mais: a Marie nasceu em França mas viveu em Itália (Roma) os últimos 14 anos (sim, eu sei e não precisam de lembrar-me que estas connections além de um verdadeiro bálsamo para a alma são também um óptimo ponto de partida para umas estadias a custo-zero…).
Como eu dizia, nossa relacão é tudo o que alguma relaçao sul-europeia seria: relaxada, livre solta mas cheia de sentido e significados. De pequenos nadas que fazem sorrir, de pequenas piadas privadas, de um picar levezinho que não magoa mas critica e que é bom, saudável e recomenda-se. Enfim, a miúda tem estido e vida própria, rege-se pela cabeça e não pelo commando. E tem pensamento independente, existe vida ali, existe coragem, uns tomates que não tem. Tanto que cruzou a barreira de me chamar uma coisa-muito-feia, a mim. E sabem que mais? Eu não me zanguei, não fiz cara-feia nem me importei nadinha, porque sabia que da boca dela e naquele tom vinha de alguém que o dizia a brincar, com o mesmo descaramento e naturalidade com que eu lhe dizia que ela era uma irresponsável a cuidar das células. Sim, assim tipo á homem, toma lá dá cá por pouco.
Em conclusão: demo-nos mesmo muito bem! Hoje, depois de uma pint e de um abraco daqueles a apertar o peito disse-me de olhos firtos: Obrigado por tudo. Por saberes quem és e o que sabes. Por não teres vergolha de assumir o que não sabes, e por nunca teres medo de exprimir as tuas emoções. O teu sorriso e as tuas lagrimas sao duas das coisas mais genuínas que levo comigo.
Acho que a afirmação dela diz tanta coisa sobre mim, sobre o meu mundo, sobre o meu lab. Esta minha maneira de vida ou morte de ver as coisas, o sentir tudo: rir até á exaustão da piada mais parva (ou da expressão de dor mais parva, como a Marie vos diria certamente) e chorar sempre quando a lágrima cair, desafiando qualquer lei de dignidade ou respeito, vergando á dor.
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