Sem preço

Super: “mas tens a certeza?”
Eu:” sim, sim… confie em mim…”
Super: “confiar em ti? Acho que não estás a perceber….eu sou o supervisor…tu é que tens que confiar em mim…”
Eu: “Pois. Só que acontece que eu sou, de nós os dois, quem tem mais experiência nesta técnica. Portanto agora quer queira quer não tem que seguir os meus passos…”
Super: (humfp)
Eu cá pra mim: mau…
(…)
Super: “não, não estás a fazer bem..
Eu: “Estou sim. Já fiz isto tantas vezes. Está bem.”
Super: “Não, não está.”
Eu: “Está.”
Super: “Não está, não vês que não cabe assim? Ora deixa cá ver, eu faço…assim vês? Oh-oh…és capaz de ter razão… tens razão, só cabe assim…”
Eu cá pra mim: mau, mau…
(…)
Eu: “agora temos que fazer assim e assado.”
Super: “não, agora temos que fazer cozido.”
Eu: “cozido? Não…então agora é assado…(suspiro), veja lá no protocolo…”
Super: “hummm…pois, tens razão…. Estás a ficar chateada?”
Eu: “Não. Mas quer dizer...e se confiasse em mim só um bocadinho que fosse?”
Super: “hum, pois, tens razão…”
(3 minutos depois do meio do nada…)
Super: “E a tua familia está bem?”
Eu, olho no olho: “Mike, a minha familia está bem, e acredito que se preocupe, mas por favor, por favor, não a use como mote para me alegrar… não vai resultar!”
Super: “pois tens razão, desculpa, tu tens razão.”

Se existem coisas que me deixam fora de mim é a incapacidade desta gente de pedir desculpa genuínamente. Usa-se a abusa-se do “sorry” e do “excuse me”, mas não se sente o seu conteúdo. Pede-se desculpa como quem bebe um café, o contacto visual não existe e a mão reconfortante parece queimar.
Mas acima de tudo o que mais me consome é a facilidade com que me querem comprar…Inocente, perdoei-a muitas vezes e considerei-a fruto do acaso. Hoje, um pouco mais “uma das deles” não a tolero e muito menos a deixo impune.