Sentir.
O importante é sentir tudo, “por tudo de nós em cada coisa”. Levar ao máximo, estremizar. Ser forte e chorar, ser fraco e sorrir. Ser sempre aquilo em que se acredita.
Encontro todos os dias a minha paz no meu cantinho do laboratório. A minha causa diária, que me deixa de coração cheio todos os dias, todos. Amacio sempre com os meninos mongloídes (trissomia 21), queridos e doces que aparecem no quinto andar para doar amostras sanguíneas para cytogenetics, os doentes de Huntington's que, encabulados dificilmente se enjeitam para aceder ao elevador, ou os meninos sorridentes de Angelman, sempre com aquele sorriso doce que derrete a minha alma e tolhe o meu coração. Então sinto uma calma grande, um vazio cá dentro que se enche de amor e coragem, um apelo tão grande, tão grande em continuar…quem serão estes meninos um dia? Poderemos nós ajudar esta gente que vive ao sabor dos genes, aprisionada a um futuro que ninguém traçou e que não podem mudar?
Nós, os que estamos deste lado, a quem estes sorrisos e brincadeiras queimam dentro como chamas que queremos aliviar, mudamos estes destinos. Somos nós. Homens e mulheres como quaisquer outros que nos dedicamos todos os dias, armados com provetas e pipetes, a amaciar existências, a determinar rumos novos para vidas condenadas.
É isso que me enche o ego todos os dias. É isso que me faz sorrir. Que me faz sentir a vida desta forma, que me deixa adormecer todas as noites com esperança no acordar.
Deixem-me sempre lutar pelos meus ideais, como luto, e prometo-vos que nunca deixarei de ser feliz…nunca…
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