Quando vejo estas meninas aperaltadas para sair, mascaradas de tudo-e-mais-alguma-coisa, não consigo deixar de sorrir e compará-las a verdadeiras criançinhas, a quem deram a oportunidade de viver um dia diferente e festejar o Carnaval.
Fui muito feliz nos tempos em que “joguei ao Carnaval”(como se diz na minha terra), principalmente pelas figuras que a minha mãe me fazia passar...
Desde muito pequenina que a minha mãe não tinha jeito nenhum para nos mascarar no Carnaval. Não tinha. Ela pode até escrever aqui que tinha, ou mandar-me um mail acusador como custuma fazer sempre que vê aqui algo que não lhe cheire, mas cá para nós, a minha mãe não tem jeito para essas macacadas, nem isso é coisa que a preocupe muito (Convém explicar aqui que os meus pais foram criados numa cultura diferente, aonde nao se festeja o Carnaval, até porque motivos para andar contente em África há todos os dias...).
Mas ia eu dizendo, desde as minhas mais remotas memórias que me lembro de me mascarar de...bem... de mulher do rancho. Eu explico: Uma saia com aparência de velha, uma camisa com aparência de velha, umas meias a aparentar pró velho, uns sapatinhos já gastos e...pérola das pérolas, um sinal preto enorme num dos lados da face feito carregando bem até gritarmos de dor. Era assim. E todos os anos quando os meninos intrigados me perguntavam de que é que vinha vestida eu respondia orgulhosa “de mulher do rancho”. É que, compreendam, fatiota igual á minha ninguém tinha!
Houveram, contudo, dois anos de excepção:
Um ano a escola teve um tema e todos os meninos da minha sala tiveram que se mascaram de forma igual. A nós calhou-nos marcararmo-nos de semáforo. Aonde é que já se viu alguém mascarar-se de semáforo? Enfim, lá fomos nós ruas a fora com sacos do lixo enfiados cabeça abaixo com bolas das três cores. Ainda me lembro que nesse ano chuveu a potes e a minha professora não se calava com a teoria de que “os semáforos também aguentam chuva e sol...”. As coisas que um criança fixa, meu deus.
Houve depois um ano em que era lema da escola que todas as acrianças tinham que ir de palhaço. Quando eu pensei que era finalmente desta que eu ia ter direito a uma fatiota carnavalesca, eis que a minha mãe adapta as minhas jardinieiras de verão (!!??) com uns remendos de tecidos as bolas e aos quadrados, uma gravata velha do tio do primo da minha tia-avó, uma peruca vermelha da loja dos trezentos (que na altura eram o último grito de moda lá na terriola), umas meias ás riscas, uma tampa de champoo redonda estratégicamente colocada na ponta do nariz (na qual o meu pai fez dois furos com o berbequim aonde passou um elastico!!!), o já famoso sinal preto e... para o branco da cara, que qualquer palhaço digno desse nome tem, a invenção da minha mãe mostra os cuidados extremos que ela tem com as coisas verdadeiramente importantes: barrou-me com uma camada de halibut. Sim, o creme que se põe no rabinho dos bébés. Irritação não causou :)
Acreditem ou não, lembro-me de que passei um dia muito feliz com aquela fatiota, tanto que tenho fotos desse dia na ponte do Mouchão com a minha avó – que tambem ajudava á festa- em todas as poses possíveis.
Assim como veem, uma vez mais confirmo que estou no país indicado. Agora posso finalmente dar asas ás fantasias que nunca pude realizar enquanto criança nesta correria de hen parties (agora que a wedding sesson se aproxima), de festas temáticas e do halloween. Só me falta escolher a fatiota desta vez.. é que tenho a ligeira impressão de que aqui de mulher do rancho andam muitas todos os dias...
4 comments:
os teus pais são de áfrica???? posso perguntar de onde?? :)))) nunca comentei isto, mas desde que comecei a ler o teu blog, e com algumas fotos tuas, que sempre achei que tinhas ar africano, mais propriamente na minha mente de origens moçambicanas!!! não sei explicar porquê, mas é qualquer coisa na expressão aberta, hehe... e em parte porque és relativamente parecida com a minha mãe quando era nova :) os meus pais são portanto de moçambique ;) e apesar do meu cordão umbilical não ter ficado por lá, quando lá fui em 2003 tudo passou a fazer mais sentido :)
Pois Sonia, chapeus de cowboy (ou cowgirl melhor dizendo) por esta terra ja se ve muitos, alias como orelhas de coelha Playboy! Acho mesmo que para seres diferente teras de ir de calcas de ganga (em vez dos 'cintos' que elas usam) e acima de tudo nao ires com 90% do corpo a mostra mesmo em noites de temperaturas negativas e chuva ate dizer chega!! eheh!! :o)
Sm, Ines, os meus pais sao de Mocambique. Ou melhor, a minha mãe é de Moçambique e o meu pai nasceu em Angola, mas mudou-se para Moçambique bem cedo.
Nao es a primeira a dize-lo!! Os meus pais asseguram que nós somos muito Moçambicanas, e ha bem pouco tempo um Sr. Perguntou-me na rua se era da Africa do Sul assim do nada...porque achou que “eu tinha qualquer coisa que so existe em Africa1”, nas palavras dele. Ainda estou para descobrir, uma vez que nunca fui a Moçambique ...mas nao ha-de faltar muito, esta nos meus planos breves :)
Tiago, ainda tenho tempo para decidir...na ultima vou de catwoman que ja comeca a tornar-se tradicao...:)
Loool, boa descrição a da tua fatiota de palhaço. O toque da tampa da garrafa de shampoo com dois furinhos é que é mesmo de rir. Também cheguei a mascarar-me de saloia na primária (nós chamavamos de saloia em vez de mulher do rancho já que estavamos na zona de Sintra mas ao fim e ao cabo era a mesma coisa). Achava imansa piada ao carnaval. Enfim lá vai, e agora restam-nos as hen parties não é? Quase igual. Hehe!
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