Thursday, January 17, 2008

O comité de Fertilizacão humana e embriologia do UK autorizou hoje defenitivamente a criacão de embrioes híbridos (metade humanos, metade animal)



Para ver aqui. Eles já tinham prometido, hoje passaram á palavra - E no laboratorio mesmo aqui ao lado!!


Específicamente a técnica involve transferir o nucleo (parte central, “cerebro” de uma célula) para a “casca” de uma célula animal cujo nucleo foi préviamente removido. Estes embrioes sao então considerados 99% humanos uma vez que sabemos que é o nucleo em si que controla e cordena todas as actividades celulares. Em termos comparativos seria o mesmo que colocar uma cabeca humana num corpo animal. A cabeca coordena todas a accoes do corpo, que as segue sem questionar. Estes embrioes so podem mantidos em cultura durante um periodo de 14 dias ao fim do qual serao destruidos, apos a extraccão das células embrionicas estaminais.

A ideia é inteligente, convenhamos - repare-se que para a obtencão de células embrionicas estaminais até agora precisavamos necessáriamente de um ovulo não fecundado (bem, ou pelo menos até há bem pouco tempo não tinhamos outra alternativa, estudos recentes apontam já rotas a considerar..). Claro que isto involve recrutar mulheres dispostas a doar ovulos, tempo e dinheiro, muito dinheiro. A técnica é então uma alternativa rápida, um shortcut para algo que de resto já fazemos e que muitos condenam. O nucleo de qualquer célula humana pode ser extraído e utilizado para “comandar” uma célula com apenas organelos animais -inclusivé as células da pele!- sem precisar portanto de qualquer invasão corporal.
Em termos terapêuticos fica a vantagem de “fabricarmos células” com uma componente genética que reproduz na totalidade in vitro a doenca genética a tratar. Imagine-se por exemplo, que colocavamos um nucleo celular de um doente de Parkinson em organelos animais; ao reproduzir-se esta célula originaria celulas embrioticas estaminais, que por sua vez em adquados meios e condicoes de cultura se transformariam em neuronios-réplicas dos neuronios de um paciente de Parkinson. Tudo isto in vitro (feito no laboratorio), a partir de uma pequena célula, sem a necessidade de abrir a cabecinha do paciente, fazer uma colheita de tecido que pode até afectar o paciente severamente, e reproduzi-la em cultura. Ja para não falar que este tipo de culturas raramente reproduz o organismo humano na sua plenitude…

Em termos gerais a ideia nao é nova - aliás, nos já usamos como terapêuticos hormonas fabricadas por animais, como a insulina que é fabricada maioritarimente por gado em paises como o UK e os EUA ou mesmo suínos (sim, porquinhos!) na Dinamarca - mas a ideia em si causa-me medo, muito medo. Sinto que isto pode ser o princípio de algo irracional, a abertura de uma porta para um mundo demasiado desconhecido. O que virá depois? Embrioes hibridos com 1 mês, 1 ano?

(desculpem os acentos e cedinhas, é dificil escrever correctamente Português num teclado Inglês)

2 comments:

Lua said...

Pois...

Nós ontem já falamos disto...

Eu estou meia indecisa e os medos são os mesmos.

Enfim, precisamos de outro jantar para conversar mais!

Joana M. Soares said...

eh pah, tu dominas...ainda hoje estive a ler em tudo que é jornal sobre esta matéria. perceber, pouco percebi...mas agora sim já vejo, pelo menos, uma luzinha ao redor dos conceitos-difíceis:)thanks